Caio Vianna Martins nasceu em Matosinho em 13 de julho de
1923, Minas Gerais, arraial que hoje virou cidade.
Aos seis anos seus pais o matricularam no Grupo Escolar
Visconde do Rio das Velhas. Mais tarde mudou-se com a família para Belo
Horizonte. Matriculou-se aos oito anos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco
onde estudou até o quarto ano primário. Estudou também no colégio Arnaldo e
Afonso Arinos, onde entrou para o Escotismo. O Grupo era patrocinado pelo
educandário. Isso aconteceu em 10 de setembro de 1937. Mais tarde Caio se
tornaria Monitor da Patrulha Lobo.
Na noite de 19 de dezembro de 1938 o escoteiro Caio Vianna
Martins, aos 15 anos de idade, estava com seu destino traçado, semelhante aos
grandes heróis da história.
A Comissão Executiva do Grupo Escoteiro Afonso Arinos, do
ginásio do mesmo nome, de Belo Horizonte, ambos hoje inexistentes, organizou
uma excursão técnica-cultural a São Paulo. A delegação era formada por 25
membros.
A composição do trem noturno estava formada com 11 vagões,
sendo o do meio, 1ª Classe, ocupado pelos escoteiros. A viagem se desenrolava
normalmente até que às 2:05 da madrugada do dia 19 de dezembro entre as
pequenas estações de Sítio e João Aires, aconteceu o terrível desastre, quando
se chocaram o trem noturno que descia, com o trem cargueiro que subia. Muitos
vagões descarrilharam, outros engavetaram e alguns se levantaram.
O vagão da frente ao ocupado pelos escoteiros saltou dos
trilhos, atravessando para a direita, engavetando-se, partindo-se e tombando
sobre o barranco, comprimido para a frente pela pressão dos carro restaurante e
leito.
Os escoteiros que resistiram ao impacto das composições
reuniram-se em um ponto à direita da estrada. Nesse momento o grupo sentiu
falta do Escoteiro Gerson Issa Satuf e do Lobinho Hélio Marcos. Na procura
ambos foram encontrados mortos.
Do vagão leito foram retirados colchões e cobertores, usados
para abrigarem os sobreviventes. Para uma cabine foram levados os feridos com
maior gravidade. Alguns escoteiros trabalharam na confecção de macas com
lençóis e paus enquanto os demais, com as tábuas que foram retiradas dos
vagões, fizeram uma fogueira para iluminar o local, facilitando o trabalho de
salvamento.
Os primeiros socorros chegaram somente às sete horas da
manhã (cinco horas após o acidente). Os passageiros feridos, inclusive alguns
escoteiros, foram transportados para Barbacena. No desastre morreram 40
pessoas.
O monitor Caio recebeu forte pancada na região lombar,
sofrendo esmagamento das víceras e hemorragia interna. Retirado do vagão pelos
companheiros e recolhido ao vagão leito, Caio Martins parecia dar sinais de
estar melhor. Pouco depois quando seria levado para Barbacena e notando que um
enfermeiro se aproximava com a maca, ele olhou ao redor e viu que havia outros
feridos mais necessitados. Encarando o enfermeiro disse: "Não. Há muitos
feridos aí. Deixe-me que irei só. Um Escoteiro caminha com as próprias
pernas". Acompanhado dos amigos, seguiu andando, para a cidade. O esforço
que fez, porém, foi muito grande. Ao chegar ao hotel deu alguns passos para
depois saírem golfadas de sangue de sua boca, em conseqüência da hemorragia
interna que sofreu. Levado para a Santa Casa veio a falecer às duas horas do
dia 20 na presença de seus pais. Foi sepultado no cemitério de Bonfim, zona
norte de Belo Horizonte, junto do Escoteiro Gerson e do Lobinho Hélio Marcos.
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