Olave St. Clair Soames nasceu no dia 22 de fevereiro de 1889
na Inglaterra (falecida em 25 de junho de 1977). Seu pai Harold Soames e sua
mãe Katherine Hill tiveram mais dois filhos, um menino chamado Arthur e uma
outra menina chamada Auriol, quando nasceu Olave, puseram este nome porque
esperavam um filho homem que se chamaria Olaf.
A Vida de Olave, desde pequena foi feliz e sempre rodeada de
pessoas queridas. Apesar de sua saúde precária nos primeiros anos, o contato
permanente com a natureza e sua vida ordenada a transformou numa jovem sadia e
alegre, forte e com uma incrível energia. Nunca foi para colégios ou centro
superiores mas foi educada por instrutores que eram parte da família.
Sempre se interessou por música e tocava violão muito bem.
Durante anos praticou rodeada de seu esposo e seus filhos, mas seu trabalho não
lhe deu tempo para aperfeiçoar. Olave foi uma grande interessada em esportes,
praticou tênis, remo, patinação, montava a cavalo, andava de bicicleta e quando
estava cansada conduzia carruagem e automóvel. Nesta época, há algo de curioso
em sua vida: apesar de gozar de tudo aquilo que uma jovem poderia ambicionar,
sentia um grande vazio em sua vida, em seu interior queria ser útil e poder
servir aos demais. Por ser muito jovem não a aceitaram na escola de enfermagem
o que a fez desistir de seguir alguma carreira.
Ao atingir a maturidade, Olave achou que a vida da sociedade
de sua época era bastante monótona e, por isso, resolveu dedicar-se aos meninos
inválidos, que ela recolhia em Bornemouth, onde cuidava deles. Em 1912, quando
tinha 23 anos, seu pai que a cada ano viajava ao exterior, convidou-a a
acompanha-lo em uma viagem às Índias Ocidentais. Embarcaram no
"Arcadian" sem imaginar que seu futuro ia mudar totalmente durante
aquela viagem. Neste barco viajava, acompanhado de vários oficiais, Lord Robert
Baden-Powell, fundador do Escotismo, que nesta época já ostentava o título de
Lord, e gozava de grande popularidade e reputação em muitos países do mundo. Um
amigo de seu pai apresentou Olave a Robert. Ele tinha 55 anos naquela época, o
que não impediu que entre os dois nascesse um grande amor, já que possuíam as
mesmas idéias e aspirações. O curto tempo da viagem, foi suficiente para
compreender que haviam nascido um para o outro e seus futuros lhe preparavam
uma grande missão.
Quando deixaram a Jamaica, Baden-Powell e Olave estavam
noivos e, em outubro do mesmo ano, casaram-se, indo passar sua lua-de-mel na
África, iniciando uma vida em comum que foi enriquecida por três filhos: Peter
que nasceu em 1913, Heather em 1915 e Betty em 1917. Entre o cuidado com a
casa, a educação dos filhos e a ajuda pessoal a seu esposo, transformou-se em
sua secretária, encarregada de manter correspondência com milhares de pessoas
de todo o mundo que lhe escreviam. Nestes anos já havia muitos grupos de
Bandeirantes na Inglaterra e sua Presidente era a irmã de Lord Baden-Powell,
Agnes. Havia uma grande necessidade de dirigentes e coordenadores e por esse
motivo em 1914, Lady Baden-Powell entra para o Movimento Bandeirante e dedica
seus esforços na área onde residem. Pouco a pouco se deu a conhecer por sua
organização, sua liderança, seu entusiasmo e personalidade. Já em 1916 é
nomeada Comissária Chefe. Nesta época a Inglaterra atravessava uma época
difícil, pois a guerra impedia que fossem realizadas muitas atividades
Bandeirantes, havia muita preocupação. Os poucos grupos ativos de Bandeirantes
dedicavam-se aos primeiros socorros, emergências e serviços. Lady Baden-Powell
se manteve em permanente contato com todos estes grupos e visitou toda a
Inglaterra. Em 1918 foi nomeada Chefe Bandeirante da Grã-Bretanha. Também em
1918, Olave recebeu o "Gold Fish", medalha que só a ela foi
concedida, pois é mais importante que o próprio "Silver Fish", a mais
alta condecoração do Bandeirantismo Inglês. Com a colaboração de Olave neste
mesmo ano é impresso o primeiro exemplar Bandeirante já dirigido a menina,
conhecido como o livro de Baden-Powell (Girl Guiding), se agrega a este manual,
especificamente para treinamentos o livro chamado "treinando meninas como
Guias". Olave sempre teve em mente estender o movimento a muitos lugares,
por isso deu muita importância a todo tipo de material impresso.
Desejando difundir o Movimento Bandeirante em nossa terra,
em 1919 Lady Baden-Powell escreveu uma carta às mulheres brasileiras, na qual
lhes pedia que se interessassem pela causa que estava congregando meninas e
jovens de todo o mundo. Foi portador desta carta o Sr. Barclay, amigo dos
Baden-Powell, que vinha ao Rio de Janeiro a negócios. Aqui chegando, o Sr.
Barclay, entrou em contato com Sir Henry Lynch, a quem entregou a mensagem de
Lady Baden-Powell. Sir Henry Lynch e seu irmão Sr. Edmund Lionel Lynch,
interessados pelo assunto, pediram a sua mãe, Sra. Adele Lynch, que promovesse
uma reunião em sua casa, convidando diversas autoridades e senhoras que
pudessem tomar a iniciativa de fundar o Bandeirantismo em nosso país. Esta
reunião realizou-se no dia 30 de maio de 1919.
Naquela época em muitos países já havia Bandeirantes e
Fadas, por esse motivo foi necessário criar um comitê específico que pudesse
manter a comunicação permanente com todos os países, intercambiando
correspondência, notícias, relatórios, necessidade. Lady Baden-Powell contou
com a colaboração de várias mulheres, não só em seu país, todas elas ativas
dirigentes, comissárias, como também encontrou respostas favoráveis nas amigas
que tinha fora da Inglaterra. Ela aceitou ser a Primeira Presidente deste
Comitê e a curto prazo conseguiu formar outro fora do país que se encarregava
dos grupos de meninas e jovens, cujos pais residiam em outros continentes. Foram
estes órgãos, que deram a base para a existência do que hoje conhecemos como
Bureau Mundial e Associação mundial de Bandeirantes, cuja sede é em Londres,
Inglaterra. Graças a Deus que lhe concedeu um organismo forte e uma mente sã
para poder realizar o trabalho a que se propôs, de manter vivo os ideais de seu
querido esposo. No ano de 1937 a saúde de Lord Baden-Powell começa a
enfraquecer e eles decidem mudar para o Kenya, lugar aonde já haviam vivido
casados e aonde ele cumpriu com sua carreira militar na juventude. Compraram
uma propriedade rodeada de natureza primitiva e exuberante que puseram o nome
de PAXTU, o que significa "paz para dois". Nestes anos ela se dedica
a cuidar de seu esposo, recopiar escritos e pinturas, atender correspondência e
receber visita de filhos, amigos, muitos deles vindo de longe somente para
vê-los. Em 8 de janeiro de 1941, falece Lord Baden-Powell, e foi enterrado no
mesmo lugar em que viveu seus últimos anos.
Este período na vida de Lady Baden-Powell é triste,
permanece no Kenya, respondendo ao correio permanentemente e colocando em ordem
o legado de seu esposo, o que a ajuda a aliviar sua solidão. No próximo ano
decide retornar a Londres onde a chamam para voltar a tomar conta do Movimento
e nesta ocasião a colaborar também com Boy Scouts; tem a agradável surpresa de
ser instalada em um apartamento no palácio de Hampton, pelos reis da
Inglaterra. Foi dura e difícil esta época em sua vida, mas que conseguiu
sobrepor graças a seu entusiasmo, os conhecimentos e cumplicidade das idéias e
ideais de seu esposo, sua grande liderança e dons de grande administradora,
inicia novamente suas atividades. Nesses dias a Inglaterra vivia outra guerra
mundial, e a maioria dos homens estavam fora servindo a sua pátria, por tanto,
havia muito à se fazer, muitos serviços que prestar e muitos refugiados e
famílias que atender. Quando termina a guerra no ano de 1945, decide viajar à
todos os países que haviam sofrido os maiores danos e desastres, sendo o
primeiro deles, a França. Toma aulas de francês, o que serviu para aprender o
suficiente para dirigir-se aquelas milhares de Guias e Scouts que lhe
esperavam. Posteriormente visitou a Suíça, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Suécia,
Noruega e Dinamarca. Durante este período teve a alegria de ver a criação dos
Centros Mundiais em várias partes do mundo: Nosso Chalet na Suíça, Nossa Cabaña
no México, Sangam na Índia e a casa que levava seu nome, sediada em Londres.
Entre 1941, a morte de seu esposo, e 1970 ela visitou mais
de cem países e assistiu a quase todas as Conferências Mundiais. Desta forma a
conheceram, as meninas e as dirigentes de todo mundo tendo deixado em todas
elas uma recordação sobre sua grande personalidade. Quarenta anos depois da
carta, em 1959, Olave Baden-Powell veio ao Brasil, quando tinha exatamente 70
anos. Mas estava em pleno vigor um dos traços principais de sua personalidade:
a capacidade de se interessar pelos jovens escoteiros e bandeirantes e
estabelecer rapidamente um diálogo com eles. Outro traço marcante também esteve
em evidência: Sua impaciência com reuniões meramente "sociais" que
toda a vida abominou.
Os últimos anos de sua vida passou em seu apartamento em
Londres, foi visitada por todo tipo de personalidade, não só do Movimento Guia,
Scout mas também representantes de governos, de organizações Mundiais, que lhe
deram grandes condecorações. Quando em 1975 foi celebrada a Conferência Mundial
em Londres, ela já não podia estar presente, mas no dia da abertura, em uma
fita gravada, enviou uma linda mensagem às mulheres representantes de todos os
países membros que assistiram ao evento. Ela faleceu em 25 de junho de 1977,
rodeada de seus entes queridos e em sua memória foi oferecido um serviço
religioso extraordinário na capela de Westminster com assistência de membros da
nobreza, corpo diplomático e oficiais da Inglaterra e os mais altos executivos
das Associações de Bandeirantes e Escoteiros do mundo. A sua solicitação foi de
não enviar flores nem presentes na hora de sua morte, gostaria de receber a
alegria de que "semeassem" o fundo especial, cuja finalidade era a
construção da sede da WAGGGS, em Londres esta obra foi terminada e o nome
escolhido foi CENTRO OLAVE em recordação a sua residência no Kenya com seu
amado esposo que tinha o nome de PAXTU.
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